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quarta-feira, julho 25, 2012

Memórias...

O último livro que li (o que aconteceu há alguns dias), foi Antes de Dormir de S.J. Watson.

"Todas as manhãs, Christine acorda sem saber onde está. Suas memórias desaparecem todas as vezes que ela dorme. Seu marido, Ben, é um estranho. Todos os dias ele tem de recontar a vida deles e o misterioso acidente que tornou Christine uma amnésica. Encorajada por um médico, ela começa a escrever um diário para ajudá-la a reconstruir suas memórias mas acaba descobrindo que a única pessoa em que confia talvez esteja contando apenas parte da história."

Este é um romance de estreia  do S.J. Watson. E é incrível!!! Cheguei até a pensar que era algo impressionante. Que alguém como o Watson conseguisse ser tão bem sucedido em um romance de estréia...
Mas, depois me lembrei que outros autores também escreveram obras incríveis logo na primeira publicação. O exemplo que eu seeeeempre citarei é a J.K. Rowling, claro.

Enfim, eu recomendo esse livro. Quem você seria se não tivesse memória de quem você é? Ainda mais que, todos os dias, você acorda confuso e recebe muitas informações sobre você mesmo. Uns 20 anos de memórias perdidas jogadas em você durante uma parte do seu dia. Inclusive, a terrível informação de que amanhã, você não lembrará de nada do que te disseram hoje. E então, seu marido vai te contar tudo sobre esses 20 anos esquecidos...o que ele faz há anos.

De início eu achei isso muito estranho. Como alguém teria tanta paciência pra te contar todo santo dia a mesma coisa? E ver você surtando todo dia de manhã quando descobre que embora você ainda acredite que tenha uns 27 anos, você já tem 47?!

Bom, daí você pensa no óbvio: o cara realmente ama essa mulher.

Mas e o que ele diz? Será que tudo o que ele diz foi o que realmente aconteceu? Será que ele está escondendo alguma coisa? Dá pra confiar?

Se você já perdeu a consciência algum dia, você sabe que perdeu mais ou menos uns 10 minutos de memória. São aqueles minutos que antecederam algo que te deixou inconsciente. São os 10 minutos perdidos. Dez minutos que sumiram da sua existência. Um pedacinho da sua história que ficou perdido. E quando te contam de má vontade e bem resumido o que houve? Dá pra confiar? Dá pra acreditar que foi daquele jeito?

Mas, voltando ao livro, por quê ele nunca sugeriu que ela escrevesse um diário? Que ela registrasse todos os dias os flashes de memória que ela tinha além das informações que ele dava? Isso já iria poupar muita dor pra ele mesmo (dor porque certas lembranças vêm acompanhadas com uma carga de dor).

A ideia do diário veio de um médico.

E conforme ela vai escrevendo, ela vai se lembrando de algumas coisas (que ela também anota).

Quando eu fiz 12 anos, eu comecei a fazer um diário. Era mais um "art journal" que um diário mesmo.
Mas eu continuei. Em um momento da minha vida, quando eu tinha uns 20 e poucos, eu cheguei a pensar em desistir porque escrever diário era uma coisa boba e infantil.

...Depois eu deixei de ser boba e infantil e voltei a escrever no meu diário.

Bom, na minha opinião, escrever um diário é ótimo. Você joga no papel o que está acontecendo naquele momento. Você escreve sobre o que você sente...E sempre acha que está escrevendo muita porcaria. Mas não é porcaria. É um retrato de quem você é, naquele momento. Um dia, quando você lê um dos seus diários antigos, você se dá conta do quanto você mudou, do quanto você aprendeu...É um livro!!! E você é a personagem principal!!!

O que eu achei curioso é que eu nunca pensei nas várias utilidades de um diário. No caso do livro, a Christine perdeu a memória e ela não tinha a versão dos fatos da forma como ela os via. As lembranças que o Ben contava, vinham da percepção dele. É quase como ver algo acontecendo na rua olhando por um desses vidros todo trabalhado em que você vê tudo meio disforme. Mas alguém que estava na rua entra em casa e te conta o que viu. É o mesmo acontecimento. Percepções diferentes. Nunca é a mesma coisa.

Mas, se você tem um diário, você não fica tão perdida. Você começa a ler e sabe que é você. Você não perde sua identidade.

Um diário é como uma carteira de identidade extremamente detalhada...e muito íntima.

Bom, taí as dicas: leiam o livro e, aproveitem o dia do escritor pra começar a colocar no papel uma história: a sua. :-)

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