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terça-feira, janeiro 06, 2015

Primeira semana de 2015!!!


"Three o'clock in the morning
It's quiet, and there's no one around
Just the bang and the clatter
As an angel runs to ground
Just the bang and the clatter
As an angel hits the ground..."

Stay (Faraway, so close!) - U2

Beeeeem parecido com essa madrugada de 6 de janeiro de 2015.

Comprei "The Cuckoo's Calling" em abril de 2013. Desde então, venho tentando ler esse livro. Começava, parava, começava, parava. Voltava a ler tudo de novo...e acabava presa no mesmo lugar. Até que, resolvi no final de novembro (sim, novembro), que eu iria terminar esse livro até dia 31 de dezembro. Gente...o livro não é longo. Dá pra ler em 2 dias!

Acho que passei tanto tempo sem ler literatura que acabei esquecendo o ritmo. De qualquer forma, tive que terminar e...terminei!!! Hehehehh

Olha, embora eu tenha perdido o fio da meada nesse meio tempo e tenha ficado um pouco perdida porque não estava lendo, posso dizer que esse livro vale muito a pena. Leiam. Leiam mesmo porque vale a pena.

Próximo livro: O Bicho da Seda, de Robert Galbraith (JK Rowling)...e, provavelmente "Shadow of the Templar, de M. Chandler (difícil ficar longe de fics...heheheh)



 

quarta-feira, julho 16, 2014

I'm back!!!

Quase 2 anos sem um post.

Em dois anos muitas coisas acontecem. Outras nem acontecem ao ponto de você não ter mais nem o que escrever.

Continuo lendo e escrevendo. Mas ultimamente tá um pouco difícil de fazer isso e postar também. 

Provavelmente em algum post meu eu devo ter mencionado que sou psicóloga. Isso não significa que estou analisando tudo e todo mundo o tempo todo...heheheh. Mas posso dizer que isso me faz pensar demais o tempo todo. E, algumas vezes, pensar demais só atrapalha.

Há um ano comecei outra pós. Mas, dessa vez, acertei. Estou muito feliz com ela e já estou no meio do caminho. E a pós consome muita parte do meu tempo. Estou fazendo pós em Neuropsicologia. Pra tanto precisei, e ainda preciso, aprender várias mazelas que acometem nossos queridos cérebros. E aprender a aplicar testes e corrigi-los com ajuda de estatística (ai ai). Mas estou gostando bastante.

Apesar de ter que me entregar à pós, eu tento continuar lendo e escrevendo. Infelizmente empaquei no primeiro livro do Robert Galbraith (JK Rowling): The Cuckoo's Calling (O Chamado do Cuco) e vez por outra escrevo.

Sobre o ato de escrever, já ouvi tantos conselhos e o principal parece ser : "escreva sobre o que você sabe". Mas e quando você tem dúvidas sobre o que você sabe? E quando você acha que só conhece coisas ligadas à melancolia? E apenas melancolia? E medo...e lembranças...provavelmente nada que vá interessar a alguém ler, apenas à você mesmo?

Eu gosto de escrever histórias. E, claro, ler histórias também. Do contrário, não estaria lendo e comprando mais e mais livros e relendo vários. Sem falar que é uma delícia lembrar das histórias...de todas que você conheceu. Até das que escreveu. É difícil ficar entediada quando você mergulha na sua memória enquanto está no meio de uma multidão de estranhos-conhecidos e se sente tão deslocada como se não devesse estar ali.

Mas, eu também gostaria de ser uma poetisa. Unir palavras de maneira que só um trecho do que foi escrito consegue mexer com você. 
Bom, vários autores conseguem fazer isso com seus livros, como por exemplo John Green e outros tantos. Mas a poesia...até mesmo quando inseridas em prosa, muitas vezes conseguem nos atingir de maneira brusca. 

Eu gostaria de escrever mais, hoje. Mas daqui a algumas poucas horas o dia começa e ainda estou acordada. Fazer o que? Amo escrever de madrugada. 

Esse é um dos meus poemas favoritos...quem me dera um dia conseguir escrever poema. Um dia eu consigo!!! ;)

[i carry your heart with me(i carry it in]

By E. E. Cummings


i carry your heart with me(i carry it in
my heart)i am never without it(anywhere
i go you go,my dear;and whatever is done
by only me is your doing,my darling)
i fear
no fate(for you are my fate,my sweet)i want
no world(for beautiful you are my world,my true)
and it’s you are whatever a moon has always meant
and whatever a sun will always sing is you

here is the deepest secret nobody knows
(here is the root of the root and the bud of the bud
and the sky of the sky of a tree called life;which grows
higher than soul can hope or mind can hide)
and this is the wonder that's keeping the stars apart

i carry your heart(i carry it in my heart)

sexta-feira, dezembro 21, 2012

Amor: a louca dança dos apaixonados


Bom, eu estou tão enrolada com as minhas leituras que preferi atualizar o blog falando sobre filmes.

Antes disso, preciso dizer como cheguei nesse assunto... "amor"  (ai ai...às vezes parece até um tabu falar essa palavra...e até mesmo escrever).

Há alguns dias eu venho lendo uma história em que parece que há uma espécie de "dança" entre esse casal. Alguma coisa começa a acontecer...sei lá, o ar parece mais estático, as cores diferentes, tudo se intensifica e fica tão dramático e tão, mas tão confuso. E como se toda essa confusão não fosse suficiente, começa a surgir uma necessidade de ficar um perto do outro. Aí sempre parece que tá acontecendo alguma coisa que impede que os dois fiquem juntos. Daí eles se vêem escondidos, não assumindo o que tá acontecendo!!! E os dois querem ficar juntos; demonstram isso o tempo todo mas...mas??? !!!
Eles preferem dançar essa dança.

Aí, eu comecei a assistir um seriado chamado Beauty and the Beast. Lógico que é uma versão beeeeem diferente do conto e traz a história pra realidade...com uns toques de fantasia pq a Fera tem que virar Fera. Não pode ser, simplesmente, um cara nervosinho tendo um dia de fúria. Ah não...ele tem que se tornar uma espécie de versão em miniatura do Hulk...

ENFIM, é outra história em que o casal permanece nessa dança. Quem pega o seriado no meio, como se tivesse passando pelos canais pra ver se encontra algo legal na TV e vê um pedaço do seriado, acaba achando que esses dois namoram. Mas, nah...eles tem um relacionamento.

Eles usam essa palavra como quem usa pra dizer que um relacionamento é simplesmente se relacionar com pessoas!!! E eles são duas pessoas (tirando o DNA mutante do Pqno Hulk) e eles se relacionam como pessoas...o que certamente não é!

Mas pq eles preferem ficar nessa dança louca???

Daí, aparece Mr. Darcy, claro. Na última versão do filme, com a Keira Knightley, tem uma cena maravilhosa em que eles estão dançando (literalmente) em meio a um baile e de repente a "dança louca" dos dois começa e as pessoas somem. Não há mais ninguém além deles dançando naquele salão e eles se olham com aquela mistura de prazer insuportável e frustração irresistível...e a dança persiste. Durante toda a história, só existe essa dança...

Por que a dança é melhor???

Eu não sei!!! Só sei que é!!! É loucura demais!!!

É só lembrar de O Morro dos Ventos Uivantes e O Fantasma da Ópera.

Tanto Heathcliff quanto o Fantasma são tão intensos...intensos demais. Eles representam tudo o que há de mais sensual e sexual e sexy e...ai ai...enquanto o Linton e o Raul parecem dois bobões meio açucarados.

Claro que em um primeiro momento, a Cathy e a Christine se sentem atraídas pelo Heathcliff e o Fantasma. Quem não se sentiria assim??? Eles despertam aquela luxúria que vc guarda dentro de vc pq vc tem mais o que fazer do que pirar por um cara.

Mas aí, vem um Linton e um Raul da vida...vc despreza de primeira, mas eles sempre estão lá...de pouquinho em pouquinho eles vão chegando e então quando vc se dá conta, vc já tá dançando com os "rejeitados". Vc sabe que eles não são como os outros dois, mas eles tem alguma coisa...Alguma coisa que faz vc querer estar perto, querer demonstrar sem assumir pq vc vai assumir o que?? Já é óbvio!!!

Vc já tá no meio da dança louca dos apaixonados...explodindo de uma alegria imensamente dolorosa e uma frustração intensamente prazerosa...

E quanto mais essa dança dura, quanto mais lenta, quanto mais doce, sem pressa, sempre se segurando sem precisar se esforçar pra tanto pq "é dor que desatina sem doer"...quanto mais essa dança dos apaixonados durar, melhor.

Aí, vc se dá conta que embora o Heathcliff e o Fantasma são mais atraentes e não perdem tempo com danças, mas com jogos que não duram tanto...vc prefere o Linton...o Raul...o Mr. Darcy...e todos aqueles caras que vc nem pensaria duas vezes...

Hum...mentira. Vc pensaria sim, mas de uma maneira bem desinteressada...de qualquer forma, vc pensaria de uma maneira beeeeem diferente.

Enfim...

Isso é loucura!!!

Bom...Freud já dizia q apaixonar-se já é um fenômeno patológico. E quem sou eu pra julgar???

Okay...o que é que Moulin Rouge tem a ver com isso?

No filme, o Christian diz algo que muito escritor aconselha pra quem quer começar a escrever.

Ele saiu da Inglaterra e foi pra Paris porque ele queria escrever sobre o amor...mas havia um problema: ele nunca tinha se apaixonado.

Os escritores geralmente aconselham os futuros escritores a escreverem sobre o que eles sabem.

E se você quer muito escrever, mas tá como o Christian???

Como escrever sobre toda essa dança dos apaixonados só se baseando em observações, em contos, etc???

MAS, pq o fato de passar pela experiência é o que te torna qualificado pra escrever isso ou aquilo?


quarta-feira, agosto 01, 2012

Sempre

Agosto chegou!!! Dá até medo!!!

É aquela sensação bizarra de que metade do ano passou e você passou junto...passeou por esses meses sem fazer nada significante, esquecendo de que "significante" pode "significar" muita coisa...enfim, semântica...

Ontem, 31 de julho foi aniversário da JK Rowling (como meio mundo sabe) e do Harry James Potter, que fez 32 aninhos de idade. SIM, 32 aninhos!!! Fandom sempre sabe de coisas que não estão no livro. O Harry mesmo, nasceu dia 31 de julho de 1980.  Dois meses antes de eu dar as caras no mundo...hehehhe

E, claro, aqui vai um trechinho gostoso e doloroso e surpreendente de Harry Potter and the Deathly Hollows (HP 7):

 

Snape é tão Heathcliff... e tão Cathy ao mesmo tempo (O Morro dos Ventos Uivantes ).

Tem uma parte no filme (vi o filme -- com a Juliette Binoche e o Ralph Fiennes-- e a versão mais recente: Tom Hardy e...sei lá quem era a mulher que fazia a Cathy).

O fato é que me lembro bem do filme com a Juliette e o Ralph. Tem uma cena em que ela tá na cozinha, à noite, enquanto tem um temporal lá fora. Ela diz a Nelly o quanto ela despreza Heathcliff, sem saber que ele está ouvindo tudo. Mas, depois de um tempo, ela fica angustiada e confessa "eu sou Heathcliff".

E a história do Snape e da Lily é muito parecida. Não acho que a Lily tenha amado o Snape com tanta intensidade quanto o Snape a amou ou o quanto Heathcliff amou a Cathy.

E dá pra medir a intensidade do amor de alguém?

Os mais afoitos demonstram essa intensidade...mas também existem aqueles que preferem guardar para si, como um segredo, e/ou como um presente para o outro. Só para o outro...quando estão a sós.


Mas até o amor do Snape pela Lily...um amor que durou tantos anos e que só se apagou quando não havia mais vida a que esse amor pudesse se apegar, me faz pensar...será que é isso o que acontece com o primeiro amor? Ou com um que você encontra mais tarde e que te marca de um jeito que é quase impossível de esquecer...será que esse é aquele amor que perdura? Morno como uma chama que está se apagando e que reluz tão pouco que deixa de ter o valor que tinha antes, quando aquecia, mas que agora é quase insignificante...quase porque você sabe que aquela chama fraquinha ainda tá ali...e toda vez que você olha pra trás e a vê, você se pergunta o que deu errado e se pergunta tantas coisas e fantasia tantas coisas...


Isso me faz lembrar um video do Calogero, um cantor francês.



(Não consegui inserir o video aqui).

Enfim...esse clip me lembra (sempre me lembra) a vez em que eu parecia a mulher do clip...fazendo exatamente o que ela fazia.

Eu sei que a melhor coisa que fiz foi me afastar mesmo. Mas ainda assim...

Por que que fica sempre esse restinho...sempre essa lembrança carregada de um sentimento que já passou, mesclada com aquele medo de encontrar o cara de novo? Medo mesmo de sentir tudo aquilo de novo e voltar a agir que nem a maluca do clip?

Ai ai...



sábado, julho 28, 2012

Fics & Kinks

                                                        thesuperhusbands (via Tumblr):
                       "fics make you discover kinks you never knew you had"
Fanfictions!

Não me lembro se já mencionei o que são, etc.

Bom, fanfictions (ou fics) são histórias baseadas, geralmente, em livros. Hoje em dia também se escrevem fics baseadas em filmes, seriados e, "recentemente" sobre atores! *pasmem*
É que o "normal" é escrever histórias usando personagens de livros, filmes, etc. Eu acho muito bizarro ler tais histórias sobre pessoas reais. (E olha que fanfictions não são bem "normais").

Mas valem muito a pena! Tanto ler como escrevê-las. Muitos autores conhecidos hoje começaram escrevendo fanfics. Quer um exemplo?



Cassandra Clare. Cassandra Clare, autora de "Os Instrumentos Mortais" era extremamente conhecida no fandom Harry Potter  por 3 sagas escritas por ela (bom...houve um bafafá de que tinha sido plágio, depois disseram que não, depois não disseram mais nada porque outras fics mais legais surgiram): Draco Dormiens, Draco Sinister e a Draco Veritas.

“I don't want to be a man,” Draco said, tilting his head back and lazily slitting his eyes like a cat in the sun.
“I want to be a depressed, angst-ridden teenager who can't confront his own inner demons, so takes it out verbally on other people.” - Draco Malfoy.

"Draco Trilogy foi uma Fanfic (Ficção de fã) escrita pela autora Cassandra Claire, no ano de 2000 após o lançamento de Harry Potter e O cálice de Fogo, com o intuito de manter Draco Malfoy como foco principal no enredo... Com o passar dos anos essa trilogia se tornou popular no mundo todo, tendo traduções em vários idiomas, e até chegou a ser eleita como a Fic mais popular pelo site Fictionalley.

A 1ª parte "Draco Dormiens" pode ser considerada "fraca" para alguns leitores de fics mais exigentes, mas com certeza sua 2ª parte "Draco Sinister" faz juz a fama de ter sido escolhida como a mais popular.
No ano de 2006 a 3ª parte "Draco Veritas" foi finalizada, e alguns a consideram melhor do que os livros originais. Com muito humor, sarcasmo, romance e aventura, é impossível não se apaixonar pela história.
A Trilogia começou a ser escrita após o lançamento de O Cálice de Fogo, e não inclue informações de Ordem da Fênix, Enigma do Principe ou Relíquias da Morte."


A sinopse da Draco Dormiens era essa (traduzida):

Quando um acidente em Poções transforma Harry em Draco e Draco em Harry, eles são obrigados a fingir que um é o outro. Romance, identidades trocadas, planos realmente astutos, um triângulo amoroso, e muitos beijos.
Olha...eu creio que eu li essa trilogia há uns 10 anos. E era uma febre! Todo mundo que lia fanfic de Harry Potter conhecia essa trilogia e lia. E como lia!

As fanfictions eram mais feitas por conta da angústia dos fãs em ter que esperar e esperar pelo próximo livro da série.  E era até engraçado porque muitas vezes, quando o livro chegava, a gente ainda tava lendo uma fic que era tão boa que a gente não queria largar pra ler o livro (mas, lógico que a gente largava! Salve, Salve Rowling!!! Sem falar que as atualizações das fics demoravam. As da Clare então eram as mais demoradas. Cada capítulo era quase um livro de tão extenso).

E, como superhusbands disse, e eu cito novamente:

   "fics make you discover kinks you never knew you had" 


Fato! 

Ler uma fic é a mesma coisa que ler um livro. Uma pessoa teve uma ideia, teve uma inspiração e escreveu uma história. É óbvio que sempre escapa algo da experiência de vida do autor pra dentro da obra.
E ler, é sempre um encontro com o desconhecido. Você nunca faz ideia do que é que você vai encontrar em um livro, em uma fic...você nunca sabe o que é que você vai encontrar e que vai mexer com você de tal forma que te ajude, inclusive a saber mais sobre você mesmo.
E muuuuuuuitas fics...hehehehe...bom, eu mesma fiquei surpresa com a quantidade de kinks que eu tenho e que nem fazia ideia de que tinha! hahahahha

Ah, outra autora maravilhosa e cheia de fãs que amavam suas fics era a Maya. A Maya teve que parar de escrever fanfictions (acho até que ela teve que parar de usar o Live Journal dela) porque ela também se tornou escritora.



Ela precisou tirar as fics dela dos sites em que ela postava (graças a Deus eu consegui pegar o arquivo com todas as fics dela) por que ela havia se tornado escritora e ia publicar o primeiro livro: The Demon's Lexicon.

Ainda não li, assim como ainda não li Cidade dos Ossos mas, vou ler!

Esse é o site da Sarah (que, infelizmente, está em manutenção agora). Mas ainda assim, vale a pena dar uma olhadinha no facebook, twitter e tumblr dela (o que pretendo fazer agora mesmo).

As autoras de fanfiction são o máximo! E elas, de um jeito ou de outro, não apenas nos ajudou a descobrir mais e mais sobre nós mesmos, como também incentivou muita gente a escrever e também ajudaram a fazer os fãs, adoradores de fics, a se conhecerem. Muita gente que usa o Live Journal (cof cof...eu) usa só pra coisas relacionadas a fandom e assim, o povo (de várias nacionalidades) vai se conhecendo...e vai discutindo fics, livros, filmes, etc.

É muito bom!!!

Bom, quem tem curiosidade em saber mais sobre fanfictions pode dar uma olhada nesses sites:

Fanfiction no Wikipedia (aqui você descobre de tudo e mais um pouco)

Fanfiction.net/Books (o Fanfiction.net é o site mais conhecido de fanfictions. Nessa seção de livros, você encontra os livros em que várias fanfictions foram baseadas. Harry Potter é o que tem o maior fandom)

Fanfiction.net (Home do Fanfiction.net. Aqui dá pra ver no que as fanfictions são baseadas: jogos, livros, filmes, anime...)

Harry Potter Lexicon Pra quem está curioso sobre Harry Potter e/ou gosta, esse site é uma delícia. Explica quem é quem, o que é o que, quando ocorreu o que...TUDO sobre a série Harry Potter.


Enjoy!!!

quarta-feira, julho 25, 2012

Memórias...

O último livro que li (o que aconteceu há alguns dias), foi Antes de Dormir de S.J. Watson.

"Todas as manhãs, Christine acorda sem saber onde está. Suas memórias desaparecem todas as vezes que ela dorme. Seu marido, Ben, é um estranho. Todos os dias ele tem de recontar a vida deles e o misterioso acidente que tornou Christine uma amnésica. Encorajada por um médico, ela começa a escrever um diário para ajudá-la a reconstruir suas memórias mas acaba descobrindo que a única pessoa em que confia talvez esteja contando apenas parte da história."

Este é um romance de estreia  do S.J. Watson. E é incrível!!! Cheguei até a pensar que era algo impressionante. Que alguém como o Watson conseguisse ser tão bem sucedido em um romance de estréia...
Mas, depois me lembrei que outros autores também escreveram obras incríveis logo na primeira publicação. O exemplo que eu seeeeempre citarei é a J.K. Rowling, claro.

Enfim, eu recomendo esse livro. Quem você seria se não tivesse memória de quem você é? Ainda mais que, todos os dias, você acorda confuso e recebe muitas informações sobre você mesmo. Uns 20 anos de memórias perdidas jogadas em você durante uma parte do seu dia. Inclusive, a terrível informação de que amanhã, você não lembrará de nada do que te disseram hoje. E então, seu marido vai te contar tudo sobre esses 20 anos esquecidos...o que ele faz há anos.

De início eu achei isso muito estranho. Como alguém teria tanta paciência pra te contar todo santo dia a mesma coisa? E ver você surtando todo dia de manhã quando descobre que embora você ainda acredite que tenha uns 27 anos, você já tem 47?!

Bom, daí você pensa no óbvio: o cara realmente ama essa mulher.

Mas e o que ele diz? Será que tudo o que ele diz foi o que realmente aconteceu? Será que ele está escondendo alguma coisa? Dá pra confiar?

Se você já perdeu a consciência algum dia, você sabe que perdeu mais ou menos uns 10 minutos de memória. São aqueles minutos que antecederam algo que te deixou inconsciente. São os 10 minutos perdidos. Dez minutos que sumiram da sua existência. Um pedacinho da sua história que ficou perdido. E quando te contam de má vontade e bem resumido o que houve? Dá pra confiar? Dá pra acreditar que foi daquele jeito?

Mas, voltando ao livro, por quê ele nunca sugeriu que ela escrevesse um diário? Que ela registrasse todos os dias os flashes de memória que ela tinha além das informações que ele dava? Isso já iria poupar muita dor pra ele mesmo (dor porque certas lembranças vêm acompanhadas com uma carga de dor).

A ideia do diário veio de um médico.

E conforme ela vai escrevendo, ela vai se lembrando de algumas coisas (que ela também anota).

Quando eu fiz 12 anos, eu comecei a fazer um diário. Era mais um "art journal" que um diário mesmo.
Mas eu continuei. Em um momento da minha vida, quando eu tinha uns 20 e poucos, eu cheguei a pensar em desistir porque escrever diário era uma coisa boba e infantil.

...Depois eu deixei de ser boba e infantil e voltei a escrever no meu diário.

Bom, na minha opinião, escrever um diário é ótimo. Você joga no papel o que está acontecendo naquele momento. Você escreve sobre o que você sente...E sempre acha que está escrevendo muita porcaria. Mas não é porcaria. É um retrato de quem você é, naquele momento. Um dia, quando você lê um dos seus diários antigos, você se dá conta do quanto você mudou, do quanto você aprendeu...É um livro!!! E você é a personagem principal!!!

O que eu achei curioso é que eu nunca pensei nas várias utilidades de um diário. No caso do livro, a Christine perdeu a memória e ela não tinha a versão dos fatos da forma como ela os via. As lembranças que o Ben contava, vinham da percepção dele. É quase como ver algo acontecendo na rua olhando por um desses vidros todo trabalhado em que você vê tudo meio disforme. Mas alguém que estava na rua entra em casa e te conta o que viu. É o mesmo acontecimento. Percepções diferentes. Nunca é a mesma coisa.

Mas, se você tem um diário, você não fica tão perdida. Você começa a ler e sabe que é você. Você não perde sua identidade.

Um diário é como uma carteira de identidade extremamente detalhada...e muito íntima.

Bom, taí as dicas: leiam o livro e, aproveitem o dia do escritor pra começar a colocar no papel uma história: a sua. :-)

segunda-feira, junho 11, 2012

O pior cego é aquele que não quer ver

Todo primeiro semestre do ano, na Alliance Française, nós temos que fazer uma pequena apresentação oral (para horror dos tímidos e felicidade daqueles que estão loucos para contar alguma coisa em francês pra turma).

No ano passado eu falei sobre os primeiros habitantes da Île-de-France, região onde Paris está localizada, os Parisii.

Neste ano, nossa prof nos pediu para falar sobre algum livro. Eu queria muito falar sobre um livro do Balzac que estou começando a ler (junto com os outros trocentos que estou lendo também): A Duquesa de Langeais. Procurei feito louca esse livro na mediateca da Aliança só pra descobrir que não havia um livro do Balzac chamado "La Duchesse de Langeais"...é...mas daí, uns 3 dias antes da minha apresentação eu descobri que sim, eu havia até manuseado esse livro na mediateca..só que em sua primeira publicação (em 1834) seu nome era outro: "Ne touchez pas la hache" (algo como "não toque o machado").

Enfim, apresentar um livro que usei na minha primeira apresentação na Aliança (em 1998), que foi um horror, já que eu era extremamente tímida: A Sinfonia Pastoral de Andre Gide.

Ultimamente andam falando sobre as ligações do Gide com o nazismo MAS, isso não tem importância agora.


A Sinfonia Pastoral  é um livro um pouco...angustiante. A história em si, se for resumida em poucas palavras não é muito interessante não.
Mas isso é o que é incrível nas histórias: mesmo quando parecem bobas e sem significância, se você olhar bem, você descobre muita coisa...coisas muito interessantes.

Nessa história, um pastor relata, em um diário, acontecimentos que ele viveu uns dois anos antes, quando ele conheceu e trouxe pra casa Gertrude, uma garota cega de quinze anos... mais ou menos a mesma idade do filho mais velho dele : Jacques.

O pastor era casado com Amélie e tinha 5 filhos. Sua esposa não gostou nada quando ele trouxe Gertrude pra casa. Ela já podia antever o que estava para acontecer.

Mas, o que acontece quando um homem, como o pastor e seu filho mais velho se apaixonam por Gertrude?

Coisa boa é que não é!

Ainda mais quando ela, que era cega, recupera a visão depois de uma cirurgia e fica confusa com o que vê e com o que percebe a sua volta.

Mas o pior de tudo é a cegueira do pastor. Ele pode ver, enxergar tudo...mas sua cegueira não é física; é moral mesmo. E quando junta religião no meio...aiiiii...fica tudo muito pior.

Quando Jacques lhe diz que quer se casar com Gertrude, o Pastor fica horrorizado. Pra ele isso é um escândalo, uma imoralidade, um pecado mortal ou sei lá que tipo de pecado pode ser. Pra ele, é como se Jacques tivesse lhe dizendo que queria se casar com a própria irmã.

Mas, seguindo essa linha de pensamento, se a relação entre Jacques e Gertrude fosse incestuosa, qual seria a dele então????

O pior cego é aquele que não quer ver.

O Pastor achava normal, sublime. Ele não conseguia, ou melhor: não queria, ver que o que ele fazia era errado. Ele era casado, tinha cinco filhos e estava apaixonado por uma menina que podia ser sua própria filha??? E isso não era pecado???!!! Mas o amor do Jacques era...

É horrível!!! Ele fica escrevendo sobre esses acontecimentos de forma como se ele estivesse escrevendo um texto que ele iria pregar para os fiéis dele...ele mescla religião com essa loucura, essa obsessão por essa menina...e isso é...nojento! Me desculpem, queridos leitores, mas eu acho nojento.

É como na história de O Corcunda de Notredame (Notre-Dame de Paris de Victor Hugo). Também há esse conflito amor-Deus. Claude Frollo se apaixona por Esmeralda, se sente tentado por ela e vê sua postura religiosa ameaçada por essa paixão e resolve que o melhor a fazer é matar Esmeralda. Assim a tentação acaba. Simples assim.

Esse conflito desejo-religião é o que torna a história angustiante. E essa cegueira é o que torna mais angustiante ainda. O Pastor do Gide não é tão diferente do Frollo do Victor Hugo. São cegos! Cegos de desejo.

É o tipo de cegueira em que o cego se recusa a ver o que está bem diante do nariz! Não adianta mostrar, apontar pro nariz...ele nunca vai ver. Ele não quer ver. Provavelmente porque o desejo é ainda mais forte do que a vontade de ver...não sei.

A Sinfonia Pastoral também me fez lembrar  da apresentação de um dos meus colegas da Aliança. Ele falou sobre um livro de Emmanuel Carrère: La Moustache (O Bigode).

Nesse livro, que também foi adaptado para o cinema, Marc é um homem que tem um bigode e esse bigode é a sua marca registrada.



Um dia, ele resolve tirar o bigode pra ver como fica. Até acha que deve ficar irreconhecível. Só que, depois que ele tira o bigode, ninguém nota diferença. E quando ele menciona que tirou o bigode, todo mundo diz "mas que bigode? Você nunca teve bigode."

E isso vira um tormento na vida dele. Ele via o bigode, mas ninguém via. E isso causava uma angústia enorme pra ele porque ele acreditava que o bigode era sua marca; fazia parte de sua identidade.

E como meu colega mesmo comentou, lá estava a cegueira. O bigode que fica bem embaixo do nariz e não é visto.


Realmente, o pior cego é aquele que não quer ver.